sábado, 10 de dezembro de 2011

Tabajara, Potiguara e Kanindé

Tabajara

Em busca de diferentes

materiais

Quase na divisa do Piauí com o Ceará, no município de Poranga, na Aldeia Umburana, mora a Tabajara Maria de Lourdes de Jesus, a Maria Bezerra, A afinidade com o artesanato começou por causa de um sonho, teria de criar as roupas das filhas para participarem da coroação de Nossa Senhora. “Cacei umas embiras e fiz o pendão com as palhas de milho. Criei um traje de anjo e outro de índia”. Desde então, aproveita tudo o que a natureza oferece, desenvolvendo arranjos, bonecas e acessórios. “Quando ando no mato, tudo o que vejo de diferente, como folhas, frutas ou sementes, já imagino como vou fazer”, “a busca de matéria-prima no mato é grande” explica.

india Tabajara     Maria Bezerra, Tabajara de Poranga, extrai matéria prima da mata para produzir o artesanato, Como cocar de croá e penas, e bonecas de palha de milho e de capa do coqueiro

indios Tabajaras

indiosBusca a matéria-prima no mato, e cria bonecas de palha

Oca da Memória

Uma das atrações para quem deseja conhecer a história das etnias Tabajara e Kalabaça, em Poranga é a Oca da Memória, um museu instalado anexo à Escola Diferenciada Jardim das Oliveiras, com 604 alunos. No local, encontra-se um pouco da trajetória dos índios cearenses, contada por meio de objetos, fotos, mapas e documentos. Foi criada, pelos povos indígenas, com assessoria dos educadores do Projeto Historiando. A responsável pela Oca da Memória é Maria Alves da Silva, a Leuda, por seis anos, ela coordenou o Conselho dos Povos Indígenas de Poranga e Outros (Cipo), do qual faz parte até hoje. Da população do Município, estimada em 12 mil habitantes, segundo Leuda, cerca de 1.500 pessoas (299 famílias) são da etnia Tabajara e Kalabaça. Lá, o processo de organização étnica surgiu e teve avanço significativo com a formação do Conselho Indígena

Potiguara

Liberdade para viver

indios 10 - Cópia        Tendo como cenário o pé de fava preta, Maria Germano se ornamentou com vários colares e cocar.

Maria Germano da Silva. Potiguara, assim ela se apresenta quando recebe em sua casa, na aldeia Terra Livre, periferia de Crateús. No quintal, onde cultiva os pés de fava preta para criar bijuterias, gosta da natureza e da liberdade para viver em paz, sobrevive do artesanato. A Potiguara também faz colares, brincos, pulseiras, anéis cocares. Utiliza elementos da natureza como tucum, sementes e penas de aves. É uma diversão. As peças são vendidas, principalmente, em encontros indígenas.

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As Sementes são a principal matéria prima do trabalho da Potiguara, residente em Crateús “Além de ser uma fonte de renda, o artesanato representa as minhas origens, meus antepassados

Em Crateús, Ceará, no Sertão dos Inhamuns, encontram-se o Potiguara, Tabajara, Kariri, Kalabaça e Tupinambá. Segundo Helena Gomes, uma das principias lideranças Potiguara e diretora da Escola Diferencial Raízes Indígenas, essas etnias reúnem uma população com mais de 2.400 pessoas cadastradas, sendo mais de 50% Potiguara. O movimento indígena na cidade tem suas raízes em experiências da Igreja Católica voltadas para a libertação dos grupos mais pobres. Hoje, várias entidades lutam pelos seus direitos. As nove aldeias urbanas se localizam em áreas periféricas. Além delas, há, na zona rural, a Nazário (Tabajara) e a Mambira (Potiguara). Entre as conquistas dos indígenas de Crateús, está o prédio da escola diferenciada. Com Ensino Fundamental, o estabelecimento abriga 500 alunos.

Kanindé

Preservação da cultura

indios 10. (2)   De traços indígenas marcantes, aparentemente tímida, Tereza da Silva Santos, recepciona visitantes no Museu dos Kanindé explicando as conquistas e as peças que contam a história da aldeia na zona rural de Aratuba. Uma das maiores preocupações de Tereza é com a preservação da cultura indígena. Por isso, sente orgulho em fazer o artesanato com fibras e sementes, a exemplo de pau-brasil e mulungu-vermelha. O cocar, sua especialidade, é de tecido, coberto com trançado de fibra de bananeira e decorado com penas de aves são peças artesanais, como colares, brincos e caixas revestidas com a fibra da bananeira.

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História em museu

Na Aldeia, em Aratuba, moram148 famílias (cerca de 700 pessoas). A localização é privilegiada, com altura média de 900 metros acima do nível do mar. Segundo o cacique Sotero, há apenas 15 anos ganharam o reconhecimento de comunidade indígena. Vizinho à casa, ele montou o Museu dos Kanindé, reunindo cerca de 300 peças que retratam a história do seu povo. Muitas delas relacionadas à caça. O espaço ainda demonstra preocupação ecológica. “Aqui, ninguém prende mais pássaros em gaiola. É essa proteção da natureza que a gente passa também para os nossos visitantes”.

indios 19Colares criados pelos Kanindé  

A produção é destinada, principalmente, à Loja de Artes Indígenas Toré-Torém, na Ceart, em Fortaleza. Também são usadas pela comunidade nas apresentações culturais. Tereza destina uma parte das peças para esses rituais, como o Torém. “Antes de representar uma fonte de renda, o mais importante no meu trabalho artesanal é a preservação da nossa cultura.

indios 21Detalhe de caixas feitas com fibra de bananeira por artesãs da aldeia de Aratuba

Eva DN/ Germana Cabral/Cristina Pioner/Fotos:Patrícia Araujo/Marília Camelo                                                             arteemter@gmail.com

Um comentário:

  1. Wilton, desejo a ti, teus familiares e todos os visitantes do teu blog um Feliz Natal. Aproveito para informar que dia 02 de janeiro estreia Urbanascidades 2012, igual mas...diferente.
    Paulo Bettanin.

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