domingo, 26 de dezembro de 2010

Artesanato de Ipu

Branca MestraMestra na arte da cerâmica. Maria Alves de Paiva, olhar terno e risada que faz jus ao local onde mora: Sítio Alegria, comunidade no município de Ipu, Serra da Ibiapaba. Ceará. Assim é dona Branca, criou 11 filhos, netos e bisneto. Segue tomando conta da casa, da comida e de seu ofício, que aprendera ainda criança escondida do pai “Ele não queria que eu trabalhasse no barro igual à mãe dele”, recorda. Branca nunca se deu por vencida. Após a roça e a escola, sempre pedia um pedacinho de barro à avó, chamada de mãe Munda. Começou a criar as primeiras panelinhas. Porém, segundo ela, a avó não gostava de barro feito por “menino” e faltava-lhe paciência para ensiná-la. Branca, então, recorreu à tia e madrinha Maria Preta: “Ela endireitava minhas panelinhas e numa semana eu aprendi a trabalhar”. A partir daí, suas peças começaram a ser comercializadas nas feiras do Ipu e no Piauí, para onde o pai Antônio viajava de jumento. Desde 2005, é Mestra da Cultura, pelo qual recebe por mês um salário do Governo do Estado. “Foi muito bom, minha vida mudou. Fiquei mais conhecida”.

Branca 3

 

 

 

 

 

 

 

“Quando o pai de Branca percebeu que não adiantava impedi-la de mexer com barro, pediu que a menina passasse a fazer peças maiores.

Nesse dia, parece que subi no céu”, lembra a felicidade diante da permissão paterna”.                                                                BrancaBranca 5Branca 6Branca se destaca pelo trabalho com traços   rústicos. 

“É difícil ter um Filtro tão bem feito como os meus na região. Pode até ter igual”, orgulha-se” Branca

Branca-77

Além do Sítio Alegria, as localidades de Ipuzinho e Espraiado são famosas pela produção de cerâmica em Ipu, na Serra da Ibiapaba. Nelas, grande parte das famílias é envolvida com a atividade, como de dona Branca. Suas seis filhas têm produção própria, bem como cinco netas. Dois tipos de argila estão disponíveis para as artesãs na região: vermelha e roxa. Geralmente os homens são os responsáveis por buscar o barro na sua origem, ajudam a amassá-lo e ainda a fazer a queima das peças. Mas se precisar, as mulheres arregaçam executam todo o processo. Para pintá-las, antes era usado o toá branco e vermelho. Foi substituído por tintas industrializadas. A produção é vendida em Ipu, na feira semanal, às sextas feiras, e em cidades vizinhas.

Cópia de Branca  DN / Eva / Germana Cabral e Cristina Pioner / Fotos:Marília Camelo e Patríci Araujo                                                             arteemter@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário